Ano após ano a tecnologia toma conta do planeta e se torna parte fundamental para o desenvolvimento de atividades diárias. Na jornada profissional, por exemplo, são vários os processos e funções que ficaram ultrapassados e hoje funcionam com inteligência artificial e tecnologias inovadoras. Segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, 35% das competências mais demandadas hoje pelo mercado de trabalho devem mudar até 2020.
A velocidade dessas mudanças deve aumentar cada vez mais e, quem estiver disposto a acompanhar esse ritmo, precisa acelerar. Essa preocupação fica bem clara no resultado da pesquisa realizada pela consultoria PwC, com mais de 10 mil profissionais em quase 140 países, sobre o impacto da tecnologia no mercado de trabalho até 2030. O estudo, feito no início de 2018, aponta que 73% das pessoas ainda não acreditam que a tecnologia possa chegar ao ponto de substituir a criação humana. No entanto, quando questionados se existe preocupação com a possibilidade de a automação colocar em risco os empregados, 37% afirmam que sim. Além disso, 60% acham que poucas pessoas terão ocupações estáveis no futuro.
E a pergunta que deve rondar a cabeça de todos que se encontram no mercado de trabalho ou almejam um emprego é: quais serão as carreiras do futuro? A resposta vai aparecendo com o passar do tempo, mas é sempre bom estar preparado para o que vem por aí. No Recife, há vários bons exemplos despontando desde que a capital pernambucana se tornou um dos maiores plos de tecnológia do país. A área de games, por exemplo, é o que seduziu o biólogo Marcelo Oliveira de Luna Junior, de 33 anos. Ele se desencantou pela área de formação e decidiu investir na sua paixão pelos videogames. Hoje, é professor de Produção de Artes 3D para Games no Senac. Justamente o local que procurou para estudar anos antes.
“A proposta do curso é colocar a pessoa em contato com a parte artística, que compreende desde deesenho até modelagem 3D, animação e programação. O objetico é que a pessoa termine o curso com o jogo funcionando. Isso é bacana demais, algo que eu não tinha visto em outros lugares”, conta.
Quando ainda era aluno da instituição, ele foi um dos idealizadores do jogo “Jegue Racing”. A criação do game regional aconteceu no último mês dos estudos, junto a uma equipeformada por outros alunos. Marcelo ficou responsável pela animação. Segundo ele, esse mercado tem grande profissionais qualificados para trabalhar na área.
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames), divulgados no início deste ano, 66,3 milhões de brasileiros são jogadores regulares de videogames. O número torna o Brasil um mercado consumidor em expansão para esses produtos – o 13° maior do mundo quando se trata de vendas de jogos eletrônicos.
FÓRUNS
São diversos os trabalhos realizados pelo Senac em todo o Brasil para preparar as pessoas para novas demandas tecnológicas. Desde 2014, a instituição realiza fóruns setoriais com o objetivo de ouvir o mercado. Integrados por representantes de empresas, associações de referência, sindicatos patronais e de trabalhadores, meio acadêmico, instituições de pesquisa, ciência e tecnologia, além de especialistas do próprio Senac, esses forúns debatem, sob diferentes perspectivas, a realidade das ocupações do setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
A partir de 2017, eles passaram a ser trabalhados por segmento. Nesse mesmo ano foram realizados eventos com foco em comércio, gastronomia, saúde e tecnologis da informação. O Senac do Mato Grosso do Sul foi o responsável pela coordenação do Fórum Setorial do Comércio, o primeiro com foco em um segmento específico, organizado em Brasília. Na ocasião, foram analisadas 54 ocupações necessárias para a atuação do comércio, com a presença de diversos profissionais, representantes de instituições e empresas para debater fatores de relevância para o futuro do setor.
De acordo com dados do IBGE divulgados em agosto deste ano, o comércio varejista cresceu 1,5% em relação a junho de 2017. O volume de vendas do varejo teve índices positivos tanto no fechamento do segundo trimestre de 2018 (1,6%) como para o acumulado no ano (2,9%), frente aos mesmos períodos de 2017.
Segundo o diretor regional do Senac do Mato Grosso do Sul, Vitor de Mello Junior, nesse cenário de transformação é muito importante que a instituição esteja conctada com o mercado para acompanhar de perto o seu funcionamento e saber como os profissionais devem atuar nessa nova era. “A partir desse fórum, podemos ofertar alguns cursos já em produção e outros 110 novos. São trilhas que proporcionam a participação rápida de vários funcionários ao mesmo tempo em horários bastante alternados”, conta.
O sucesso dos fóruns é reforçado por quem participou e aprovou a experiência, como o caso da gerente nacional de gente e Gestão de um rede de supermercados, Fabiana Silva de Morais. Ela considera o evento algo importante para o comércio e aprova o interesse do Senac em ouvir diversos players desse segmento.” Propor algo somente após conhecer a realidade das empresas é uma ação muito interessante. Como o Senac trabalha com cursos para preparar as pessoas para o mercado de trabalho, tentar entender as necessidades das empresas, o perfil buscado, para poder modelar a parte pedagógica é fantástico”, elogia.
CONGRESSO
Geralmente responsáveis por ensinar, professores também enxergam a necessidade de estar do outro lado da sala de aula. É o caso da educadora Adriana Santos. Mestre em tecnologia educacional, ele viu no Congresso Internacional de Tecnologia na Educação uma oportunidade de agregar mais conhecimento para a sua profissão. Organizado pela Federação do Comércio, Sesc e Senac em Pernambuco, a 16ª edição ocorreu em setembro, com mais de 30 palestras e oficinas ministradas por profissionais de destaque na área de educação do Brasil, Canadá e Espanha.
“A gente busca aprender. O professor tem que estar sempre atento ao aprendizado, ao conhecimento e o congresso abre esse horizonte. Normalmente, os palestrantes falam do cotidiano escolar, para que a gente possa utilizar com os alunos. E é vem rico no que diz respeito aos conteúdos. A cultura “maker”, por exemplos, é uma temática que me chamou a atenção e está muito em evid6encia no momento”, conta. Bastante conhecido fora do Brasil, o movimento do “faça você mesmo” (em português) está crescendo nas unidades educacionais do Brasil e tem como objetivo tornar a forma de aprender mais atrativa e incentivar os estudantes a criar projetos e produtos por meio dos conteúdos escolares, muitas vezes pouco práticos.
De acordo com o presidente do Sistema Fecomércio/Senac/Sesc no estado, Josias Silva de Albuquerque, o congresso tornou-se, há cerca de seis anos, um dos maiores eventos do gênero do Brasil. Reúne anualmente mais de 3,5 mil profissionais de educação de todo o país, auxiliando os participantes a lidar com tantas mudanças.
“As escolas que ministravam apenas conteúdos curriculares ficaram no século passado, pois a sociedade e o mundo do trabalho mudaram, exigindo hoje muito mais que um profissional tecnicamente preparado”, explica.
Fonte: Matéria publicada na revista Isto É do dia 11/10/2018